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O sonho de uma vida melhor
Prezados senhores,

          "Pois em casa de menino de rua quem dorme por último apaga a lua".  (BAFFÔ, 2014, pichação)
Morar na rua, dormir na rua, viver na rua. O dia-a-dia de quem não tem nada e conquista na labuta de cada segundo o pão de cada dia. O massacre social revelado aos olhos de todos, invisíveis a olho nu de bondade, insensíveis aqueles que não notam por vaidade, que a maioria daquelas pessoas não escolheu esse destino.
Nessa manhã me peguei refletindo sobre a realidade social dos menos afortunados, lembrei dos pobres, ao qual faço parte, mas me apeguei de fato a aqueles que não têm nada, os moradores de rua. O Brasil possui cerca de 192 milhões de habitantes, segundo o CENSO do IBGE, entre 0,6% a 1% da população são moradores de rua. Em números, há até 1,8 milhões de moradores de rua em todo o território brasileiro.
“Hoje vivemos no Brasil uma epidemia de violência contra a população de rua. Parece que eles viraram o bode expiatório ou que, ao atingi-los, as pessoas estão fazendo um bem, tirando dos nossos olhos aquilo que nos incomoda”, constata o Pe. Júlio Lancellotti, vigário episcopal do povo de rua. Os casos de violência a moradores de rua são tão freqüentes que já fazem parte do cotidiano jornalístico, não choca mais a população, não rendem uma boa matéria e conseqüentemente não da Ibope sem o uso de artimanhas.  
Assim, o foco nas causas é rejeitado, os questionamentos principais camuflados e a verdade do descaso público com essas pessoas esquecido pela mídia midiática, que usa de todas as armas para enriquecer a matéria numa ilusão de comoção aos telespectadores.
            A adoção de medidas políticas para melhorar a vida dessas pessoas, que não desejam o luxo, apenas o conforto de uma casa discreta, deve ser mais explorada, mais debatida e exigida dos nossos governantes. Porém, no calor da guerra eleitoral, diante de debates sobre temas como a causa LGBT, a reforma política, fontes de energias sustentáveis, economia e outros temas, essa minoria se apequena ainda mais, projetando sua invisibilidade social.
            Contudo, após um turbilhão de pensamentos e reflexões me atinei a perguntar-me o que eu faço para que essas pessoas que não possuem nada e são freqüentemente rejeitadas tenham uma vida melhor, me surpreendi com a resposta inconsciente que obtive. A voz interior dona da verdade humana me disse sem delongas, que apesar de enxergar, refletir e me atentar, eu faço pouco, ou quase nada.
E foi então que resolvi escrever essa matéria e pedir encarecidamente, exijam dos governantes, não deixem a chama do calor eleitoral se apagar e que a luta continue, não só pela maioria, não só pelas minorias, mas por todos nós. A mudança do mundo começa por dentro, no interior distante e gritante do nosso ser.

Atenciosamente




Rafael Andrade, 19 anos, é aluno de Letras e Artes na UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz) é músico, escritor e jornalista, escreve para o Blog Internauta Alternativo.




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