Luz na escuridão do mar
Parece que há muito mais brilho no fundo do mar do que se pensava: cientistas dos Estados Unidos e de Israel descobriram 180 espécies de ‘peixes fluorescentes’ em pleno mar do Caribe! E o que deixa a descoberta ainda mais charmosa é que ela foi feita quase por acaso, quando a equipe observou a presença de uma enguia verde fluorescente enquanto estudava um coral já conhecido por sua capacidade de brilhar.
Curiosos, os cientistas resolveram fazer outras expedições nas Bahamas e nas Ilhas Salomão, onde encontraram os animais. Para brilhar, eles absorvem a luz azul, predominante no fundo do mar, e a reemitem em forma de outras cores de mais baixa energia – além do verde, os peixes também brilham em tons de vermelho e de laranja. Um filtro amarelo em seus olhos permite que vejam as cores fluorescentes dos outros, invisíveis para os humanos a olho nu. Para registrar os peixes brilhantes, foi necessário iluminá-los com luz azul e utilizar uma câmera especial que imita seus olhos.
Os pesquisadores ainda não sabem dizer ao certo qual é a utilidade das cores fluorescentes, mas acreditam que os peixes podem usá-las para se camuflar e até se comunicar com companheiros da mesma espécie.
Como a maioria desses animais vive camuflada, a fluorescência pode servir como uma espécie de marca brilhante invisível, que permite que eles se encontrem e se reconheçam, mas que não é visível para seus predadores. Além disso, a fluorescência permite a diferenciação dos animais, já que mesmo espécies muito parecidas emitem padrões de cores fluorescentes diferentes – uma estratégia literalmente brilhante!
A descoberta também pode ter implicações no que sabemos sobre a evolução dos peixes e no estudo do seu comportamento – quem sabe se o fundo do mar não está coalhado de outras espécies brilhantes sem que saibamos? A pesquisa pode levar ainda à descoberta de novas proteínas fluorescentes, capazes de ser adaptadas e servir de marcadores para diversos processos biológicos, por exemplo – um trabalho parecido foi laureado com o Prêmio Nobel de Química de 2008.